quarta-feira, 22 de junho de 2011

Inventário mostra a cultura do vale do Rio São Francisco.

A riqueza do patrimônio é um dos maiores atrativos turísticos da região. Não há outro passeio no mundo como o a bordo do vapor Benjamim Guimarães, que completa 100 anos e continua em plena atividade.

Em Pirapora (MG), há um museu que é dedicado à memória do povo do sertão. A riqueza do patrimônio é um dos maiores atrativos turísticos da região. A arte popular é um traço forte daquele povo.

Os aspectos culturais do Vale do São Francisco foram reunidos em um inventário pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

O Brasil que margeia o Rio São Francisco, da nascente até a foz, ganhou um registro minucioso do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Foi criado um inventário das características e das manifestações culturais dos moradores. A reportagem é de Ricardo Soares.
A casa simples onde viveu o vaqueiro Manuelzão, um dos personagens mais famosos de Guimarães Rosa, guarda um pedaço precioso da história do Brasil: um museu dedicado à memória do povo do sertão.
“O jeito de falar em Minas Gerais é do sertanejo”, diz um homem.
A riqueza do patrimônio é um dos maiores atrativos turísticos da região. Não há outro passeio no mundo, por exemplo, como o a bordo do vapor Benjamim Guimarães, que vai completar 100 anos, e que continua em plena atividade nas águas do São Francisco.
“A gente se sente orgulhado de ter uma embarcação que é a única a vapor no mundo. E também eu sou o único piloto do mundo, sou o único que estou pilotando ele”, conta o piloto.
Essa fartura de água atravessa todo o estado de Minas em direção ao Nordeste. É até curioso ver o rio nascendo na Serra da Canastra, no sul de Minas. No local, o Velho Chico é um pequeno riacho de água cristalina.
A fama de lugar sagrado ganha mais força diante de cenários como uma igreja inacabada, perto de completar 400 anos, que se mantém firme graças a uma árvore que brotou em cima dela e que conseguiu fincar raízes no chão. Hoje, é ela que ocupa o lugar do altar.
“Isso é passarinho, eles fazem o ninho e, como o material aqui tem areia, barro e cal, facilitou para que ela brotasse. Além de ser uma construção muito bela, uma construção bem antiga, ainda tem uma árvore para acabar de completar a sua beleza”, conta o auxiliar técnico Sebastião Alexandre.
Arte popular, um traço forte do povo. A culinária então: o cheirinho do engenho de rapadura busca as pessoas longe. O doce ainda é feito no forno de barro, em tachos tamanho-família.
O produtor rural Adelino Bueno, de 80 anos de idade, não reclama do trabalho pesado. Para ele é um prazer cuidar dessa tradição: “Eu já nasci os dentes ajudando a fazer rapadura, e faço rapadura até hoje e não sei quando vai parar não”, brinca.

Apresentação sobre o Inventário:

domingo, 19 de junho de 2011

Sempre o rio, sempre o sertão. A oração em forma de poema.

Sempre o rio, sempre o sertão.A oração em forma de poema

Lição do Remeiro (Nilo Coelho)
“Nas memórias do tempo,
de todas as memórias da infância,
a que me é mais grata
é a do meu rio,
o São Francisco,
a transbordar e desbordar as águas barrentas
pra deixar nas vazantes
a terra enriquecida para os ribeirinhos.
A moldura sentimental e telúrica
que não é apenas evocativa
pois jamais disse adeus a minha terra
se completa com a visão
das barcas a vela
subindo a correnteza e vencendo a calmaria
com a força dos peitos rijos dos remeiros.
São os remeiros dos peitos sangrentos
remeiros sofridos
calejados na adversidade
o ânimo forte
e a alma em festa
nas canções que acompanham
o impulso dos remos
e nos gritos de desafio à passagem dos vapores.
O menino beiradeiro,
que chega às alturas da direção de um grande Estado
e de um povo,
tem a sua frente o mesmo quadro.
Se os bons ventos nos faltarem
estarei na proa
para acertar a cadência das remadas.
Remando ou varejando
não importa sangre o peito:
saberemos lutar.
A luta dos remeiros,
como a nossa,
é o embate
dos que não perderam a fé
dos que têm esperança
dos que firmam os pés molhados nas coxias
de olhos voltados sempre para a frente.
O peito rijo que se abre em calos
se enrijece na certezade
que a união nos fará fortes
no vislumbre de novos horizontes
que juntos buscaremos.
Rio acima
contra a correnteza
e a alma cheia de esperança.”

sábado, 18 de junho de 2011

Pintura: Rio São Francisco (c.1638) - Obra-Prima (Semana Frans Post)

Pintura: Rio São Francisco (c.1638)



Ao trazer para o Brasil dois jovens pintores, Nassau nos proporcionou um grande legado, testemunho sobre a vida no Nordeste de então.
Frans Post e Albert Eckhout pintaram nossas paisagens, os tipos humanos, a flora e a fauna que tanto os encantou. Contemporâneos de mestres da escola holandesa, como Rembrandt e Vermeer, não chegaram a rivalizar com eles, mas eram pintores de muita criatividade e com pleno conhecimento de sua arte; por terem sido os primeiros a revelar aos europeus as paisagens e a vida num mundo inteiramente novo, despertaram grande interesse.
Hoje suas obras são cotadas em milhões de euros e são disputadas por grandes museus.
É muito possível que Frans Post tenha pintado mais quadros aqui no Brasil dos que os sete conhecidos, se bem que, ao que se sabe, são poucos os quadros a ele atribuídos antes de seu ingresso na comitiva de Nassau. Com certeza, só há uma paisagem rural, datada de 1633, que apresenta as mesmas qualidades que ele demonstrou por toda sua vida: cores sóbrias, desenho preciso, e perfeita noção do espaço a ser ocupado.
Seu estilo era muito pessoal e facilmente reconhecível. Por exemplo, a vegetação longínqua ele pinta num tom de verde meio azulado, que se mescla com o horizonte, acentuando perfeitamente os planos em perspectiva.
O “Rio São Francisco”, na hora em que o céu é um verdadeiro arco-íris, é um encanto. Vejam a capivara comendo umas plantinhas na margem do Rio e imaginem o espanto do europeu com essa beleza tão diferente da que conheciam.

Acervo Museu do Louvre, Paris

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O Rio São Francisco forma belas paisagens no encontro com o mar.

Depois de passar por três estados, o tranquilo rio se encontra com o agitado Oceano Atlântico. Além do refrescante mergulho, a região também oferece artesanatos e quitutes.


O rio São Francisco passa por cinco estados: Minas, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. São quase três mil quilômetros de extensão até se encontrar com o Oceano Atlântico.
Dos hotéis em Aracaju saem ônibus todos os dias. As operadoras de turismo cobram R$ 120 por pessoa e o pacote inclui transporte de ida e volta, passeio de barco e almoço.
Partindo da capital de Sergipe, a viagem é pela rodovia estadual SE-100. No caminho, fica a reserva biológica Santa Isabel, maior maternidade de tartarugas da espécie oliva do país.
Até as margens do rio São Francisco em Brejo Grande são 130 quilômetros. De lá sai o barco Catamarã. Quem quiser passar mais tempo na região, pode se hospedar em pousadas. A diária custa R$ 80, mas sem café da manhã.
Depois de quase uma hora navegando surgem as dunas douradas. O lado da margem do rio onde o barco atraca já pertence a Alagoas. As barracas espalhadas pela areia oferecem de artesanato a quitutes como cocadas e doces dos mais variados.
Caminhando pela faixa de areia é possível ver de um lado a tranquilidade do rio, do outro o mar agitado. Bem no meio, rio e mar se encontram e parecem divididos por uma linha natural, que é a foz do rio São Francisco.
A maior atração do passeio é também um convite a um refrescante mergulho, que pode ser no rio ou no mar. Bem no meio do rio existia um vilarejo. No Cabeço, como era chamado o vilarejo, havia dezenas de casas, escolas, igreja e há 17 anos tudo desapareceu, foi invadido pelo mar. Do lugar restou apenas o farol que orientava as embarcações.
“A gente vem conhecer pra poder falar bem do rio e pra cada vez mais incentivar as pessoas a cuidarem do que a gente tem", diz Douglas Eugenio, professor.

Imagens do Rio São Francisco