quarta-feira, 16 de março de 2016

Capacidade do Rio São Francisco gerar energia diminui 40% em 14 anos

Por causa da degradação, o rio não produz peixe, nem irriga como antes. Conheça as inúmeras causas do empobrecimento do rio.



São Francisco está empobrecendo. Não produz mais peixe, nem irriga, nem produz eletricidade como antes. A capacidade de geração de energia, por exemplo, caiu quase 40% desde 2002.
Já disseram que o São Francisco é um presente de Minas para o Nordeste brasileiro, mas hoje, fica até difícil apontar a principal entre tantas causas da degradação do rio.
  
 
O São Francisco já foi sinônimo de peixe. Para ver como está a situação agora, pesquisadores ligados à UFMG mergulharam em suas águas de ponta a ponta. Do Alto São Francisco, registraram a ocorrência de bagres, lambaris, tamaranas, traíras, piaus, cascudos, sendo de corimbas os cardumes mais frequentes. Na criteriosa investigação, no entanto, não lograram encontrar espécies que antes povoavam também uma parte do rio, como contam os pescadores antigos. 
 
O São Francisco desce das nascentes da Canastra trazendo as marcas do garimpo de diamantes, das voçorocas e da poluição dos esgotos. Depois da serra, ele pega uma longa planície e na altura do município de Lagoa da Prata, ele sofre uma verdadeira amputação.
 
Depois das turbulências da descida, o rio se dava remanso, um momento para acalmar as águas. Serpenteava por sete curvas, porém no início dos anos 80, seu curso foi retificado com a abertura de um canal. Um percurso de 7,5 quilômetros foi encurtado para 350 metros e as consequências disso é a formação de corredeiras, que cortam como lâmina a planície e ‘comem’ dezenas de metros das margens.
 
Vários crimes foram cometidos nessas décadas, o rio não dava voltas à toa, tinha a função ecológica fundamental de alimentar uma grande quantidade de lagoas marginais.
É na lagoa marginal que o alevino tem chance de escapar dos predadores e se desenvolver para, na cheia, passar a viver no rio. As lagoas foram drenadas, trechos da borda bem na margem do rio foram arrebentados, comportas foram instaladas e no assoalho delas, valos foram abertos para um contínuo esvaziamento, já que esses fundos são coalhados de olhos d'água. Nascentes agora são impactadas pelo pisoteio do gado.

Assista ao vídeo com a reportagem completa e conheça um processo que tramita no Ministério Público visando a renaturalização do Rio São Francisco.

Fonte: G1

terça-feira, 8 de março de 2016

Caravana Socioambiental encerra visita ao Rio São Francisco



"Velho Chico" - REUTERS

05/03/2016 12:10
              
Natal (RV) - A ‘Caravana Socioambiental’ da CNBB encerrou quinta-feira (03/03) sua visita ao eixo norte do Rio São Francisco.
A Caravana era formada por oito bispos e outros cem membros da Igreja, pertencentes ao regional Nordeste 2 da Conferência. O objetivo da iniciativa foi marcar um novo momento de diálogo entre Igreja Católica, instâncias do Estado brasileiro e comunidades do Nordeste. Visitas às obras, conversas com famílias atingidas pelas construções de dutos e barragens e audiência com os envolvidos com o projeto fizeram parte das atividades.
No primeiro dia de expedição, o grupo conheceu as barragens Armando Ribeiro Gonçalves e Oiticica, no Rio Grande do Norte, que receberão águas do Projeto São Francisco, e se reuniram com representantes de órgãos públicos, comunidades e agricultores do estado. Na sequência, a Caravana seguiu para o estado da Paraíba, as atividades foram encerradas com uma missa presidida por Dom Antônio Carlos, na catedral da diocese de Cajazeiras (PB). O bispo de Mossoró (RN), Dom Mariano Manzana, na homilia, destacou o programa de cisternas, que permitiu que famílias pobres pudessem armazenar água: “A Igreja está em luta junto ao povo, em busca de soluções para esta problemática da água. Sabemos que a saída para vencer esta situação é a união entre todos”, frisou.
No segundo dia, a comitiva visitou a barragem Engenheiro Ávidos, em Cajazeiras (PB) e a Vila Produtiva Rural Cacaré, em São José de Piranhas (PB). Depois, o grupo seguiu para o Ceará: Reservatório Jati, no município de Jati, onde foi realizada apresentação sobre as obras do Eixo Norte do Projeto São Francisco, e Vila Produtiva Rural Retiro, na cidade de Penaforte
O ponto forte foi o diálogo entre representantes de instituições ligadas a questões sociais, bispos, professores e representantes dos governos municipais, estaduais e federais.
Em celebração eucarística, no último dia de visita, o Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, disse que as águas do São Francisco devem ser, para nós, sinal de vida: “Com este legado, vamos entendo o nosso papel, a nossa missão, perante o povo. É um projeto arrojado e moderno, mas é preciso ter clareza daquilo que queremos com esta obra. Nós todos queremos participar e acompanhar estas iniciativas, para que se cumpra tudo aquilo que é direito de todos”, frisou.
(CM)
Fonte: Rádio Vaticano

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Rio São Francisco recebeu 1,9 milhão de peixes nativos em 2015

 

Os alevinos são destinados à recomposição de rios, lagoas e grandes reservatórios hídricos da região


       
                          Espécies nativas são inseridas em trechos do rio em Alagoas, durante ações de repovoamento
                                 Divulgação/Codevasf
                         Espécies nativas são inseridas em trechos do rio em Alagoas,
                              durante ações de repovoamento
 
O Rio São Francisco recebeu em 2015 de 1,9 milhão de alevinos (peixes recém-saídos do ovo). São utilizadas somente espécies nativas da bacia hidrográfica da região nessas ações de repovoamento do Velho Chico.
Os peixes, produzidos pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), são destinados à recomposição da ictiofauna(conjunto das espécies de peixes) de rios, lagoas e grandes reservatórios hídricos da região. No ano passado, a Codevasf produziu cerca de 7 milhões de alevinos.
Para o Rio São Francisco, a Companhia utiliza apenas espécies nativas da bacia hidrográfica, como pacamã, curimatã, matrinxã, cari, cascudo, piau, piaba e surubim.
 
Peixamentos em 2016
 
A Superintendência Regional da Codevasf em Alagoas já promoveu dois peixamentos em 2016. A primeira ação foi no dia 3 de janeiro, três trechos do São Francisco entre os municípios de Penedo (AL) e Neópolis (SE). A segunda foi realizada no dia 31 do mesmo mês, no município de Piaçabuçu, no Baixo São Francisco alagoano.
Essas iniciativas integram as ações do Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, executado pela Codevasf em sua área de atuação.

 

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Banhistas foram atacados por piranhas no rio São Francisco

12.02.2016 - 12:21   por Larissa Bastos

Piranhas atacaram 24 banhistas no Rio São Francisco somente em fevereiro

Um policial militar teve o dedo decepado; peixe é do tipo pirambemba
        


Uma nova - e inusitada - preocupação tem chegado aos municípios ribeirinhos com a baixa da vazão do Rio São Francisco. Em apenas dez dias, no período de 1º a 10 de fevereiro, 24 banhistas foram atacados por piranhas na chamada Praia do Cristo, na cidade de Pão de Açúcar.
A maior parte das vítimas foi atacada na região dos pés e um policial militar chegou a ter parte do dedo decepada após o ataque dos peixes, que são do tipo pirambeba, uma espécie de piranha branca. Eles podem chegar a dois quilos e tem a mordida menos potente que a piranha preta.
Os banhistas têm sido atendidos na Unidade Mista Dr. Djalma Gonçalves dos Anjos, em Pão de Açúcar, com sangramento intenso. Segundo o prefeito do município, Jorge Dantas, apenas ontem foram mais cinco ataques. Ele destacou que placas estão sendo afixadas às margens do rio para avisar as pessoas quanto ao perigo.
"Isso se acelerou nos últimos dias. Só ontem foram cinco ataques e hoje as placas vão ser afixadas para que as pessoas fiquem cientes. Já conversei também com o secretário de Recursos Hídricos, que prometeu mobilizar Ibama, IMA e todos os órgãos que têm a ver com essa questão".
Jorge Dantas acredita que os casos estão ligados à atual vazão do rio. "Não tenho dúvidas de que isso decorre do desequilíbrio ambiental causado pela baixa vazão do Rio São Francisco. Foram diminuindo os locais onde esses animais podiam se manter protegidos e eles começaram a buscar outros lugares, como a Praia do Cristo".
O prefeito de Pão de Açúcar destaca que a ocorrência não é comum na região e que não tinha conhecimento de algo do tipo ter acontecido nos últimos 50 anos. Ele classifica a situação como "quase calamitosa", já que os peixes continuam perto das margens mesmo com a água limpa - eles se alimentam de sujeira e sedimentos.
"Nada impede que o mesmo aconteça com outros tipos de piranhas e também em outras localidades. Já é bom que outros prefeitos da região ribeirinha tanto de Alagoas quanto de Sergipe comecem a tomar as providências, porque o caso está se agravando. Isso nos preocupa muito".
Jorge Dantas diz que a maior preocupação é com as pessoas que costumam nadar no meio do rio. "Nossa preocupação é que pegue um desavisado que esteja tomando banho no meio do rio e tenha dificuldade de se evadir. Todos nós sabemos que a piranha é um peixe de cardume e é atraída pelo sangue, podendo causar algum óbito", afirma.
De acordo com ele, comerciantes e restaurantes às margens da Praia do Cristo estão sendo conscientizadas para informar os banhistas. O prefeito disse que também vai entrar em contato com a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) para que ela monitore os efeitos ambientais da baixa vazão do São Francisco. 

Fonte: Gazetaweb

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Seca no Rio São Francisco expõe conflito pela água no Nordeste


 

                                                    

Sobradinho, maior reservatório do rio, está com apenas 2% de seu volume útil. E a situação pode piorar com o El Niño

BRUNO CALIXTO
30/12/2015 - 08h00 - Atualizado 30/12/2015 08h00

Com a falta de chuva na nascente do Rio São Francisco, o reservatório de Sobradinho vive a maior seca de sua história (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
 
O Rio São Francisco está habituado a enfrentar períodos de secas, que de tempos em tempos se abatem no Nordeste. Nos últimos dois anos, estamos vivendo um desses ciclos de estiagem. Desde 2013 a chuva vem muito abaixo do normal e os reservatórios entraram em queda livre. Sobradinho, o maior reservatório do rio, tem atualmente apenas 2% de seu volume útil. Somados, os reservatórios do Nordeste não passam de 5% do volume útil.
O problema é que a seca, que já afeta cidades, agricultores e a geração de energia elétrica, tem tudo para piorar em 2016. A formação do El Niño faz com que o Nordeste brasileiro fique mais seco do que o habitual. Ou seja, a expectativa é que o período de chuvas, que começou neste mês, não traga tantas águas quanto o necessário. Isso deve trazer ainda mais pressão – e criar conflitos pela água na região.
Segundo Anivaldo Miranda, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, são conflitos gerados por interesses legítimos – afinal, todos têm direito a água. "A situação está crítica especialmente em Sobradinho, e resulta em uma crise complexa. Isso porque quem está antes do reservatório quer quer acumule mais água, e quem está depois, quer que libere mais água. Essa é a raiz de muitos conflitos."
A água do Rio São Francisco tem múltiplos usos. Ela serve para abastecimento humano, irrigação e agricultura, transporte por hidrovias. Mas seu uso preponderante é para a geração hidrelétrica. A seca fez com a Agência Nacional das Águas (ANA) aprovasse sucessivas reduções na quantidade de água que os reservatórios como o de Sobradinho ou Três Marias liberam para o rio. Antes da seca, essa vazão era de 1.300 metros cúbicos por segundo. Atualmente, ela está em 800 metros cúbicos por segundo. Sem isso, o lago de Sobradinho poderá chegar ao volume morto. Ele não secará, mas não será possível gerar energia, exigindo a compra de eletricidade mais cara no Sistema Integrado Nacional.
Seca expõe ruínas de cidade alagada na Bahia para construção do reservatório de Sobradinho, o maior do Nordeste (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
A Usina Hidrelétrica de Sobradinho tem capacidade para gerar 1.050 megawatts, mas com a falta de água só tem sido possível gerar cerca de 160 megawatts (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
 
A redução de vazão é uma operação normal para evitar a queda dos reservatórios. Mas em uma situação de estiagem prolongada, pode gerar problemas. Um deles é comprometer a qualidade da água. Isso aconteceu no primeiro semestre de 2015, entre Sergipe e Alagoas. A região viu aparecer uma mancha de algas e bactérias que chegou a 35 quilômetros de extensão em maio. Essa mancha foi provocada porque, como tinha menos água no rio, ela não dissolveu esgoto que algumas cidades ainda despejam no rio. O esgoto não deveria ser despejado no São Francisco, evidentemente, e a seca agravou a situação.
Outro problema é que, com o nível do rio mais baixo, algumas companhias de abastecimento, como a de Alagoas, precisarão instalar bombas adicionais para captar água para atender a população, gerando prejuízos financeiros e risco de desabastecimento. Isso sem falar que agricultores não poderão retirar tanta água da bacia para irrigação e produção agrícola.
As autoridades esperam que o período de chuvas – que vai até março e abril – alivie um pouco a crise no São Francisco. Mas o problema precisa ser enfrentado de forma estrutural, já que secas como essa podem ficar mais frequentes por conta do aquecimento global. Miranda sugere uma mudança na matriz energética na região. Diminuir a dependência do Rio São Francisco para a geração de energia elétrica permitiria que as águas fossem utilizadas para outros fins, como o abastecimento como o abastecimento humano. Para isso, entrentanto, será necessário investimento forte em energia solar e eólica. Felizmente, o Nordeste tem ventos e sol de sobra. (Fonte: Blog do Planeta - ÉPOCA)


Imagens do Rio São Francisco