quinta-feira, 6 de outubro de 2011

47ª Reunião Ordinária do Fórum BHSF discutiu no dia 21/09 o uso da energia nuclear e seus impactos.

Membros do Fórum reunidos na CPRH - 21.09.2011

A 47ª Reunião Ordinária do Fórum BHSF ocorreu no auditório da Agência Estadual de Meio Ambiente - CPRH na manhã do dia 21/09/2011. A reunião contou com a participação de representantes do MPPE/CAOPMA, Codevasf, Sudene, Embrapa, Dnocs, Fundaj, Fundarpe, IPHAN, CPRH, Cipoma e Apevisa.   Na pauta do evento constava  a palestra de  Heitor Scalambrini Costa,  Professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) sobre "Impactos da Energia Nuclear no Nordeste" e que em sua apresentação disse que muito se tem falado e escrito pró e contra a opção do governo em reativar o Programa Nuclear, implicando assim na instalação de centrais nucleares no território brasileiro.
Para o Professor, os defensores desta tecnologia, identificados com setores da burocracia estatal, militares, membros da academia, grupos empresariais (empreiteiras e construtores de equipamentos), julgam que o Brasil não deve prescindir desta fonte de energia elétrica para atender a demanda futura, alegam ser vantajosa por ser barata e "limpa" por não emitir gases de efeito estufa. Afirmam não ser possível acompanhar o desenvolvimento científico-tecnológico, caso não se construa usinas nucleares. E por outro lado, minimizam o recente desastre ocorrido no complexo de Fukushima Daiichi, garantindo riscos mínimos, e mesmo a ausência deles, nas instalações brasileiras.
A primeira vista tais argumentos pareceria convincente, e poderiam até confundir os mais neófitos e menos desavisados cidadãos e cidadãs, que desejam o melhor para o país e para sua população. Mas a verdade dos fatos tem revelado que a opção pela energia nuclear atende somente a interesses inconfessáveis de alguns, em detrimento dos interesses da ampla maioria, resultando em mais problemas do que soluções.
É preciso entender de uma vez por todas, a grande vantagem comparativa do Brasil por possuir uma diversidade e abundância de fontes energéticas renováveis que não são encontradas em nenhuma parte do mundo, e que podem pela tecnologia atual, atender as necessidades energéticas atuais e futuras do país. Estas sim, desde que utilizadas de forma sustentável, podem contribuir para uma sociedade descarbonizada.
Afirmar que as usinas nucleares não emitem gases de efeito estufa é uma meia verdade. É certo que quando em funcionamento as usinas núcleo elétricas emitem desprezíveis quantidades destes gases. Mas lembremos que as centrais não funcionam sem o combustível nuclear. E este para ser obtido, passa por etapas e operações que são conhecidas como "ciclo do combustível nuclear", que vão desde a extração do minério radioativo, sua concentração, enriquecimento, preparação das pastilhas de combustível, seu uso na usina na geração de eletricidade, armazenagem do lixo radioativo produzido e o descomissionamento da usina, depois de atender sua vida útil. Em todas estas etapas e operações a produção de gases de efeito estufa é importante, e a quantidade varia muito em função da metodologia empregada para calcular, de 60 a 400 gCO2/kWh, como relatado por inúmeras publicações científicas. Por si só esta grande variação merece explicações e estudos mais conclusivos.
Relacionar a necessidade de instalação de usinas nucleares no país como sendo fundamental e imprescindível para acompanhar o desenvolvimento científico tecnológico na área nuclear é uma justificativa completamente fantasiosa, irreal e agride o bom senso. Minimizar os riscos das instalações nucleares é um atentado a inteligência de qualquer pessoa. Mesmo não divulgados, são freqüentes os vazamentos de materiais radioativos e problemas que ocorrem nas 442 usinas nucleares espalhadas em 29 países. Os desastres mais significativos nos últimos 20 anos, de Chernobyl, Three Mille Island e de Fukushima Daiichi, foram suficientes para alertar o mundo o quanto é perigosa e dos riscos à vida que oferecem estas instalações.
E finalmente, os custos da energia elétrica produzida pelas usinas nucleares são mais caros que outras fontes, como a eólica e a hidráulica, e comparados ao das termoelétricas. Além de necessitarem de subsídios públicos, ou seja, repasse de enormes recursos financeiros do tesouro nacional disponibilizados para esta tecnologia; que acabam dificultando que investimentos sejam realizados em outras fontes energéticas como a solar, eólica, biomassa, pequenas centrais hidroelétricas, e no aproveitamento dos recursos energéticos encontrados nos oceanos. E nós sabemos quem vai pagar esta conta: o consumidor. É certo também que com as novas regras de segurança impostas pós Fukushima, ainda mais caro ficará o custo da eletricidade nuclear. Scalambrini disse também que no mínimo é insensata esta opção energética adotada pelo governo brasileiro, e que deve ser mais discutida com transparência. Daí estar junto à imensa maioria da população que tem se manifestado contrária a construção de usinas nucleares em território nacional, fortalecendo o coro: Energia nuclear? Não obrigado.

No próximo mês de novembro, os membros do Fórum BHSF viajarão ao município de Itacuruba(PE), para verificarem o local aonde se pretende instalar uma Usina Nuclear no São Francisco. Sabe-se que de acordo com o documento A Rota da Expansão da Energia Nuclear no Nordeste, produzido pela Eletrobras Eletronuclear, o município de Itacuruba, sertão de Pernambuco, é a primeira opção para a instalação de uma usina nuclear no Nordeste. A ação faz parte do Programa de Expansão da Energia Nuclear Brasileira. Mas, por que Itacuruba? Segundo o documento, as razões da escolha seriam água disponível, pois fica às margens do Lago de Itaparica; solo estável; o município já possui linhas de transmissão da Chesf; fica entre os três maiores mercados consumidores de energia elétrica do Nordeste (Recife, o Complexo Industrial e Portuário de Suape e Salvador); e a baixa densidade populacional do município. Ou seja, um dos fatores levados em consideração na localização da usina nuclear está diretamente relacionado à sua presumível capacidade de dano.

Não havendo mais tempo para o desenvolvimento das atividades previstas na pauta, o regimento interno ficou para ser discutido na próxima reunião que terá a seguinte pauta: Assinatura da ata da reunião do dia 17/08/2011; Leitura, aprovação e assinatura desta ata; Informes gerais; Preparação da viagem a Itacuruba; e, Regimento Interno. Encerrando a reunião faz-se o registro da participação pela primeira vez no Fórum BHSF, da Apevisa – Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária, através de seus representantes, José Pereira de Souza e Elias Pereira da Silva.

A XLVIII Reunião Ordinária será realizada dia 19/10 (quarta-feira) na Fundação Joaquim Nabuco Fundaj, Av. 17 de Agosto, s/n – Casa Forte – Recife-PE - Auditório Calouste Gulbenkian e a discussão será em torno da análise e aprovação do novo Regimento Interno do Fórum BHSF.

47ª Reunião Ordinária - CPRH - set/2011

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A 48ª Reunião Ordinária do Fórum BHSF será na Fundaj - Dia 19.10.11

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2 comentários:

  1. É impressionante que os nossos governantes, com a omissão da sociedade, queiram produzir em Itacuruba, no Sertão, energia a partir de usina nuclear, quando o resto do mundo procura alternativas de geração mais naturais, sem prejuízo ao meio ambiente e às pessoas. Verônica Freire (para o JC)

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  2. Pedro Luiz Silva - Floresta/PE8 de outubro de 2011 às 19:02

    Logo na beira do Velho Chico com todas aquelas belezas. Porque não constroem na Esplanada dos Ministérios? Assim teriam mais cuidado com possíveis escapamentos.

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Imagens do Rio São Francisco