Rio São Francisco:
O nosso doce mar
Vale dos Mestres: a grata surpresa do passeio pelos cânions do São Francisco
Viajar até as cidades sertanejas de Piranhas, Olho d´Água do Casado e Delmiro Gouveia é encarar mais de três horas de pé na estrada. Há momentos em que você olha para o horizonte e só vê chão, parece que nunca vai chegar ao destino. Mas a alma de viajante precisa carregar na mala os versos do poeta português Fernando Pessôa: “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. Então, vamos até Olho D´Água do Casado, onde começa nossa aventura pelos cânions do Rio São Francisco.
A distância de Maceió até Olho d´Água do Casado é de 272Km. Para chegar lá, é preciso acordar cedo, às 4 da matina, e botar o pé na estrada. A parada estratégica é na cidade de Arapiraca, para tomar o café regional da Churrascaria RodoCenter, que tem aqueles pratos bem substanciosos: carneiro guisado com macaxeira ou inhame; cuscuz com galinha guisada ou, então, o pão hambúrguer com uma fatia generosa de queijo manteiga. O único problema é a quantidade de açúcar no café, que já vem adoçado demais da conta, mas tem a opção do café solúvel, basta pedir ao garçom.
O catamarã sai de Olho d´Água do Casado e os cânions logo atraem o olhar
Bem alimentado, dá para seguir viagem até Olho d’Água, pois o horário de embarque no catamarã que segue para os cânions é às 10 horas. Para chegar ao ponto de apoio, uma pequena estrada revela a vida rural da cidade sertaneja: sítios com suas plantações, carros de boi, um sinal verde para viver ótimos momentos e logo aparece o Velho Chico para confirmar o caminho da felicidade.
E lá vai o catamarã Menestrel das Alagoas pelas águas doces e generosas do rio. O nome é em homenagem ao senador da Anistia, o alagoano Teotônio Vilela. Quem navega pelo Velho Chico sentindo o vento, o sol e contemplando a beleza das rochas esculpidas pelo tempo, ao som de uma trilha sonora com o melhor da música popular brasileira, experimenta uma sensação de liberdade plena.
Quem guia o passeio é o comandante Eliseu Gomes, conhecido como Leleu: bom de prosa, um exímio contador de histórias, conhece como ninguém os cânions, antes mesmo de eles se tornarem acessíveis. Quando eram terras secas entrecortadas por pequenos riachos, o menino sertanejo, hoje o mais novo empreendedor do turismo, já os desbravava. No trajeto do passeio pelo rio surgem as rochas imensas esculpidas pela ação do tempo, com a típica vegetação da caatinga.
Na trilha da fazenda Castanho, a beleza da caatinga preservada
A primeira parada do catamarã é na Fazenda Castanho, que ocupa uma área de 1.500 hectares de caatinga preservada e, além do restaurante, conta com três trilhas catalogadas, onde os visitantes, depois do passeio de barco, podem interagir na natureza, ou para quem não é adepto, curtir a prainha de águas doces do Rio São Francisco.
As trilhas batizadas de Observatório, Riacho do Talhado e Cânions do Riacho do Castanho mostram a importância da vegetação para a sobrevivência de animais, como o macaco-prego, lobo-guará, gato-do-mato, jacu, entre outras espécies.
Além das trilhas, tem o passeio alternativo de lancha com capacidade para oito pessoas, com saída do restaurante da fazenda com destino ao Vale dos Mestres, um dos lugares mais bonitos dos cânions do Rio São Francisco.
Beleza exótica: imensas rochas no Rio São Francisco
O Vale dos Mestres está escondido entre imensas rochas irregulares, e suas águas são claras e transparentes, formando piscinas naturais.
Para aperfeiçoar o cenário do paraíso escondido nos cânions, uma árvore seca num deserto rodeado de água doce compõe um belo quadro. E, lá no fundo, entre tantas rochas, pequenas borboletas amarelas agitadas (só uma superlente fotográfica para registrar). Sem exagero, é lindo, parece um borboletário a céu aberto, mas a presença de humanos afugenta as belas borboletas.
Carranca, símbolo protetor do Rio do São Francisco
Só resta mergulhar nas águas doces, fotografar e agradecer à natureza do Rio São Francisco por tanta exuberância.
Depois de tanta de beleza para os olhos, a dica é voltar ao restaurante da fazenda para saborear o churrasquinho de bode – importado da vizinha cidade de Paulo Afonso (Bahia)-, macio, suculento e bem temperado. Para quem não gosta do bichinho, tem o caldinho do peixe tilápia (perfeito). Depois dos aperitivos vem a bonança do sertanejo: peixe frito, galinha, carneiro guisado, arroz, saladas, feijão tropeiro, farinha… Todo o tempero caseiro na medida certa e com o talento da cozinheira Geni Maria.
Tilápia frita para o almoço. Nota 10
No mais, é mergulhar nas águas doces e refrescantes do Rio São Francisco, deitar na rede e contemplar o entardecer. E tem mais, não se preocupe: no jardim do restaurante Castanho tem a coroa-de-frade para afastar o mau olhado e a carranca do Rio São Francisco, para afugentar maus espíritos.
Churrasquinho de bode, imperdível
Roteiro do Menestrel das Alagoas
O passeio pelos cânions do Rio São Francisco com almoço custa R$ 80,00 por pessoa (sem bebidas) – Aceita cartão
Tempo de duração do passeio - 5 horas
Quem faz o passeio
Cânions São Francisco – (82)3021.2397 – www.canionsdosaofrancisco.com.br
Restaurante Ecológico Castanho – Delmiro Gouveia
Pode chegar de barco ou pela estrada de barro. Funciona de quarta a domingo – No momento só aceita dinheiro
O Rio São Francisco beija o restaurante Castanho
Onde pousar
Delmiro Gouveia: as pousadas são simples, mas quem deseja pernoitar encontra tarifas econômicas a partir de R$ 80,00 (casal com café da manhã). Em Delmiro Gouveia, conheça a Usina Angiquinho, tombada como Patrimônio Histórico Estadual pelo IPHAN, que é roteiro turístico da cidade. Os visitantes vão conhecer a história do empreendedor Delmiro Gouveia, que trouxe luz para o Sertão.
A cidade de Piranhas (vizinha de Delmiro Gouveia – distância de 34,4 km) dispõe de mais oferta de pousadas e flats– a diária é a partir de R$ 130,00 (casal com café da manhã). Também tem albergue com diária a partir de R$ 35,00 (por pessoa com café da manhã). A cidade é Patrimônio Histórico Estadual e Nacional, tem museus, restaurantes, um belo casario colorido e também o passeio pelo Rio São Francisco até o povoado Entremontes, conhecido pelas famosas mulheres bordadeiras de redendê e ponto de cruz.
(Fonte: Tudo na Hora)
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